domingo, 13 de julho de 2008

Ex-refém das Farc receia ser assassinada e quer evitar falar dos horrores do cativeiro

Ingrid Betancourt acha que falar em público sobre seu seqüestro a embruteceria, segundo uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal britânico The Sunday Times. Ainda assim, ela revelou novos detalhes e contou ainda que os familiares temem que ela volte para a Colômbia com receio de que possa ser assassinada.“Não acho que retornarei logo", afirmou ela, que foi libertada pelo Exército colombiano junto com mais 14 reféns em 2 de julho. Na entrevista, a ex-refém das Farc -Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia conta a odisséia que viveu durante mais de seis anos na floresta colombiana. Em suas declarações ao diário britânico, Betancourt - lúcida e serena – evita dar mais detalhes sobre o que aconteceu durante o seqüestro edisse que só denunciará os fatos "se servir para ensinar algo às pessoas". Mas dá um pequeno exemplo para ilustrar o poder dos carcereiros:
  • "Estava amarrada a uma árvore, após minha quinta tentativa de escapar e, depois de um momento, pedi ao guarda que me deixasse ir ao banheiro. Ele me disse: se quiser fazer, faça aqui, na minha frente", afirmou. "Pensei que antes morreria do que fazer isso. É algo pequeno comparado com o que sofri, mas, entenda, eles decidiam tudo".
  • Acorrentada: Betancourt, que atualmente está em Paris com a família, contou que memorizou o código disciplinar da guerrilha e freqüentemente apresentava reivindicações ao comandante conhecido como "Gafas" (Óculos), um homem com "uma criativa capacidade para o horror". Durante os três primeiros anos de cativeiro, os carcereiros a obrigaram a usar uma pesada corrente com cadeado no pescoço, além de amarrarem-na a árvores repetidamente.
  • Simpatia: A ex-refém expressou sua simpatia pelas mulheres guerrilheiras, às quais considera vítimas exploradas e que lhe mostraram solidariedade em vários momentos, como ao dar-lhe escondido um grampo para o cabelo.

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