domingo, 27 de maio de 2012

A chantagem


Enquanto a base governista esmera-se nos conchavos para colocar no banco dos interrogados da CPI Cachoeira apenas o governador tucano de Goiás, Marconi Pirillo, salvaguardando com seu abraço blindado outros governadores citados no esquema como Sérgio Cabral (PMDB) e o petista Agnelo Queiroz, outros absurdos e indignos movimentos dos que não aceitam de jeito nenhum a democrática, pura e simples decisão popular de alternância do poder, vão sendo reveladas. O escândalo da vez lambe uma das cadeiras ativas do Palácio do Planalto, ocupada por um ex que nunca foi embora: o presidente Lula da Silva. Tentar chantagiar o ministro do Supremo Tribunal Federal para o adiamento do julgamento do mensalão, oferecendo contrapartida de blindagem na CPI Cachoeira foi, no mínimo, um gesto indecente de Lula. No máximo, foi tudo o que o país precisa enxergar de partidos que conquistaram a duras penas o Poder, tomaram gosto, se locupletaram e agora não se conformam em largar o que descobriram ser um precioso osso. Nesse afã, desvirtuaram bandeiras, lutas, lógicas, projetos e sonhos. Ou, talvez, não fizerem nada disso porque, na verdade, buscavam apenas uma "ideologia" pra viver. Inadimissível a atitude do ex-presidente. Sobretudo diante da inquietante expectativa da sociedade brasileira de ver expostas as entranhas do mensalão, esclarecidos seus equívocos e punidos os seus "malfeitos". Ah! então não será pertinente nem conveniente julgar o processo agora? Porque não, Lula? O ministro do STF em questão, Gilmar Mendes, disse que ficou perplexo com o comportamento e as insinuações do ex-presidente que, durante o assédio, fez referência a um encontro de Mendes com o senador Demóstenes Teixeira - investigado pelas perigosas relações com Cachoeira - numa viagem a Berlim. Independente de qualquer envolvimento -caso haja - do ministro com o esquema Cachoeira, a atitude de Lula foi simplesmente deplorável!

 

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