terça-feira, 19 de junho de 2012
Malufada
Lula
e seu candidato Fernando Haddad não constrangeram apenas a vice da
chapa petista à prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina (PSB).
Constrangeram o país. Não se pode, é óbvio, ir de encontro a uma
política de convergência - eu disse convergência – que
congregue pessoas ou partidos que somem uma estratégia com senso e
objetivos comuns. Mesmo que as tais bandeiras ideológicas tremulem
em lados opostos. No cenário político dito moderno, tudo bem.
Questionável, pode até ser. O improvável, o impensável, o
inimaginável é que essas alianças em torno de um projeto de
governo, que pretenda, portanto, ganhar a confiança e o voto do
eleitor, sejam firmadas com grupos ou pessoas cuja história de vida
não é bem uma história de vida. É uma folha corrida. Inclusive de
crimes contra o dinheiro público. Ora, deixa ver se eu entendi. O
ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, insistiu,
buscou, articulou, negociou e deu visibilidade a um acordo que traz
para o barco da campanha do seu apadrinhado Fernando Haddad a um
provável governo paulista a figura suspeita do senhor Paulo Maluf?
É isso? Estou falando do homem, cujo Supremo Tribunal Federal –
STF , recentemente, acatou a denúncia de lavagem de dinheiro contra
ele, sua mulher e seus quatro filhos, que passaram a ser réus em
ação penal. A listinha de acusações contra o sujeito é bem
quilométrica. Maluf tem bens bloqueados no Brasil e prisão
decretada pela Interpol em 181 países. Se entrar em qualquer um
deles, vai ouvir: “ teje preso”. No momento, Maluf e a mulher não
estão respondendo por crime de formação de quadrilha porque já
passaram dos 70 anos. A velha idade lhes salvaram. Diante de tudo
isso e um pouco mais que as nossas vãs mentes não alcançaram nem
nossos olhos viram, presenciar o ex-presidente Lula adentrar a rica
mansão de Maluf, posar para belas fotos e trombonear para a imprensa
falada, escrita e televisada que malufou e que o tem agora como aliado, é o mesmo que constatar
que a desfaçatez tomou uma dimensão tão cristalizada nos meandros
políticos que corrupção, desvio, roubo, suborno, lavagem de dinheiro e
tráfico de influência não mais representam qualquer empecilho para
os que querem chegar ou continuar no poder. Ao contrário, diante da perplexa indignação do povo, cujo pensamento e sentimentos jaz ignorados, a casta exibe-se sem
ruborizar, carimbando o Brasil como uma real e típica “república
de bananas”. E Viva o povo brasileiro!
Foto: Léo Pinheiro/Terra
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