domingo, 17 de março de 2013
O Papa e a imprensa
“A verdade, a bondade e a beleza são pontos de proximidade entre a Igreja e a imprensa”,
Papa Francisco, em sua primeira audiência com a imprensa, na Sala Paulina, no Vaticano
Foto: L'Osservatore Romano/AFP
quarta-feira, 13 de março de 2013
Diamante do dia
Essa é boa.
“Com absoluta sinceridade, digo
que é imprescindível uma reforma política no Brasil. Temos um sistema
arcaico, que gera corrupção, traz problema de governabilidade, e exige
coragem de mudar”.
Do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em discurso na cerimônia de posse da nova diretoria da OAB.
Sem sino, sem nevoa, sem Papa
Nem nevoa branca, nem sinos, nem badalos. A turba que ansiosa esperava o anúncio do novo Papa sob chuva e frio, no pátio molhado da Piazza São Pedro aquietou-se decepcionada ao ver surgir na chaminé da Capela Sistina uma negra fumaça, indicando que os cardiais ali reunidos em secreto conclave, não haviam chegado a um consenso sobre o nome do Pontífice que a partir de agora vai reger a Igreja Católica. Votos queimados com lamentações, os cardeais seguem agora confinados na Casa de Santa Marta, até quinta-feira, 14, quando haverá duas
votações pela manhã e outras duas à tarde. A histórica votação só acaba quando um dos
participantes obtiver os 77 votos necessários ou mais para transformar-se em Papa. A imprensa italiana coloca no ranking dos preferidos o cardeal brasileiro Dom Odilo Pedro Scherer, gaúcho, arcebispo de São Paulo. Segundo informações do G1 nunca antes na história do Vaticano um brasileiro esteve tão perto de tornar-se Papa. E dá os motivos:
1. Idade e vigor. Scherer tem 63 anos.
2. Bom conhecimento da Cúria, a máquina administrativa do Vaticano.
Fotos: G1
1. Idade e vigor. Scherer tem 63 anos.
2. Bom conhecimento da Cúria, a máquina administrativa do Vaticano.
3. Nome 'limpo' no escândalo de abusos sexuais que sacudiu a Igreja.
4. Sintonia com novas formas de comunicação. Ele tem conta no Twitter e tem demonstrado saber fazer uso da mídia social.
5. Candidato da América Latina.
Contra ele pesam:
1. Pouco conhecido pelos cardeais.
2. Candidato da América Latina. Para alguns cardeais, isso pode ser visto como vantagem, mas para
outros pode ter o efeito contrário. A Igreja é conservadora, e os
cardeais sempre preferiram um europeu.
3. Centrismo e falta de arrojo.
4. Visto como candidato dos antirreformistas.
5. Falta de carisma.
terça-feira, 12 de março de 2013
Tiros e farpas
Esse é, sem dúvida, o diamante do dia:
“ O secretário está querendo aparecer e raquítica é a candidatura dele. A única coisa robusta que o secretário conhece é o rombo que ele deixou na Petrobras e que até hoje a presidente Dilma não conseguiu cobrir”. Do líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Elmar Nascimento, referindo-se ao secretário de Planejamento José Sérgio Gabrielli, que chamou a oposição baiana de "raquítica".
segunda-feira, 11 de março de 2013
Insanidade à vista
E eis que
da Coreia do Norte se levanta a insanidade. Cenas de fanatismo e veneração
circundam e estimulam o general ditador Kim Jong-un a ameaçar o acordo de paz
estabelecido com a vizinha Coreia do Sul, firmado há mais de 60 anos. Na
realidade as duas Coreias nunca assinaram um tratado de paz - o que
tecnicamente significa que ainda estariam em guerra, apesar da trégua iniciada
em 1953 quando os dois países concordaram com o cessar-fogo. A tensão sempre
latente na península coreana recomeçou por conta de mais um teste nuclear
realizado na última terça-feira, 5, pela Coreia do Norte, considerado um dos
mais potentes disparados. Tratou-se de uma explosão nuclear subterrânea, que
recebeu condenação internacional. Até a China, aliada dos norte-coreanos,
esperneou. Outros dois testes atômicos foram realizados pelo país em 2006 e em
2009. Em dezembro eles também lançaram um foguete de longo alcance que alguns
especialistas acreditam ter sido projetado para testar a tecnologia para um
míssil balístico intercontinental. O Conselho de Segurança da ONU não apreciou
nadinha a movimentação e endureceu as sanções contra os capos norte-coreanos,
inclusive com novas retaliações financeiras.
Embora
não levado muito a sério, principalmente por ter inventado outras polêmicas e
ameaças, o insano do Kim preocupou o resto do mundo quando desligou o
telefone de emergência que mantinha o diálogo entre as duas Coreias em momentos
de tensão e vociferou ao mundo uma possível guerra nuclear. Ainda praguejou uma
" destruição desgraçada" contra a Coreia do Sul, bem ali, nas fuças
das tropas norte-americanas que permanecem de mutuca no território sul-coreano desde
o início do cessar-fogo. São cerca de 28 mil soldados americanos, cuja presença
na fronteira entre os dois países irrita sobremaneira Kim e seu reverente
exército. O general ditador não gosta das manobras que os americanos realizam
em conjunto com a Coreia do Sul, por entender que trata-se de
treinamentos para invadir seu país, "uma guerra de agressão".
Do outro
lado, a conservadora Park Geun-Hye, presidente da Coreia do Sul que tomou posse
recentemente para os próximos cinco anos, avisa através de seu Ministério de
Defesa: em caso de ataque, a Coreia do Norte "desaparecerá da
mapa". Park Geun apresenta-se como uma figura forte,
desafiadora e do tipo que bate na mesa. Ela é filha do falecido ditador Park
Chung-hee e é a primeira mulher a ser eleita chefe de Estado na Coreia do Sul,
sucedendo Lee Myung-bak, seu companheiro de partido, o conservador Saenuri. O Kim do Norte - que em
nada se parece com o romântico e lindinho namorado da Barbie - advertiu
que o seu exército está "completamente pronto para travar uma guerra total
ao estilo coreano". Kim visitou a fronteira, bisbilhotou o inimigo com
binóculo e foi ovacionado histericamente por uma multidão de soldados e suas
famílias que levaram até as criancinhas para venerá-lo. Quando rumou barco mar
adentro, indo embora, os soldados correram em direção à praia e entraram na
água gelada enquanto a embarcação de Kim se afastava.
- O que os analistas dizem sobre o poder de fogo da Coreia do Norte: tem grande poderio militar e, mesmo que sua ameaça de um ataque nuclear preventivo contra os EUA esta semana seja vazia, a Coreia do Sul está sob risco da artilharia e foguetes do isolado regime.
- O Japão, a menos de 1.000 quilômetros de distância por água e um alvo frequente da retórica norte-coreana, também está a um fácil alcance de mísseis de curto e médio alcance da Coreia do Norte.
- Em números puros, o Exército de Pyongyang parece formidável, muito maior do que o do Sul, tanto em pessoal como em equipamento. O contingente de 1,2 milhão de soldados do Norte enfrenta 640 mil soldados sul-coreanos, que estão apoiados por 26 mil militares norte-americanos baseados no país.
- Porém, as capacidades de Pyongyang não são o que os números sugerem. A empobrecida Coreia do Norte abandonou a operação de um Exército convencional que possa se engajar em uma batalha devido aos recursos escassos, e tem se concentrado em armas nucleares e tecnologia de mísseis balísticos. Informações G1
sexta-feira, 8 de março de 2013
Prefeito Almirinho é "o cara" !
O nome é esquisitinho, fica a 332km da capital baiana e tem pouco mais de 27 mil habitantes. Pouca gente ouviu falar de Quijingue, pequeno município baiano da região sisaleira, que nos últimos dias ganhou repercussão nacional por protagonizar um belo exemplo de zelo com o dinheiro público. O responsável pela iniciativa de muito bom tom e, até que se prove ao contrário, de seriedade com a gestão pública, é o prefeito do PT, recém-empossado, Almiro Costa Abreu Filho. Através de Projeto de Lei encaminhado à Câmara de Vereadores local, Abreu reduziu o próprio salário de R$ 20 mil para R$ 15 mil - que por sinal tá de bom tamanho - o do vice-prefeito de R$ 15 mil para R$ 7,5 mil e o dos secretários de R$ 5 mil para R$ 4 mil. O projeto, aprovado por unanimidade pela Câmara, não serviu de exemplo para os edis que silenciaram a respeito dos próprios vencimentos, fazendo cara de paisagem para o chamado efeito dominó. Mas enfim, o prefeito Almirinho, como é conhecido, dá uma lição de cidadania, mostrando que tem respeito pela população e trato criterioso com os recursos públicos. Se de agora em diante a receita do município e o que foi economizado com a redução dos salários forem investidos no desenvolvimento integrado do município e no bem estar da sua população, Almirimho é "o cara"! Que o seu exemplo sirva de lição para os inúmeros gestores que só pensam em encher suas "burras" com o dinheiro público, fraudando, lesando e subtraindo da população - que paga absurdos de impostos -, o direito legítimo de melhorar a qualidade de vida da sua cidade. Esses péssimos exemplos, infelizemente, são os que se fazem multiplicar por esse Brasil afora. Mas Almirinho está aí para provar que tamanho não é documento e que é possível, sim, fazer gestão pública de qualidade, voltada para a melhoria da sua gente, independente do tamanho da receita e do município. Viva a Quijingue!
quarta-feira, 6 de março de 2013
Criança inativa e gulosa em frente a TV? Culpa da mídia.
Vamos tentar entender. A criança brasileira, segundo o IBGE, passa cerca de cinco horas em frente à TV, contra apenas cerca de três horas na escola. Esse tempo de exposição não está sendo substituído, mas agregado a novas mídias como a internet. Diante desse quadro, um grupo de parlamentares participou de um seminário promovido pela Agência Nacional de Defesa da Infância - ANDI, para discutir Infância e Comunicação. Eu disse Comunicação, e não Educação. Com o detalhe do subtítulo do evento: "Marcos Legais e políticas públicas". Tema mais que interessante - assim como a missão da própria ANDI, organização civil que busca mobilizar jornalistas para novas perspectivas no olhar sobre a infância e a adolescência - se nas entrelinhas dessa discussão não pairasse o anacrônico "controle de mídia" que alguns grupos políticos vivem tentando enfiar goela abaixo da população brasileira, utilizando-se da eufemística "democratização dos meios de comunicação". Tudo, a partir de agora, para que esse "tento" logre êxito, será arrastado para o ringue dessa discussão. Reuniões, debates, palestras, seminários, workshops, fóruns e o que vier mais a calhar, serão inventados a pretexto de aprofundar e avaliar os mais inusitados temas e quadros alarmantes que representem "grande risco" para a nação, para a democracia e, sobretudo, para a família e seus pimpolhos. A temida ameaça, seja qual for o tema em debate desse escopo, está na mídia, que anda solta por aí, editando o que bem quer, sem qualquer marco que a regule. Exemplo dos debates que rolaram no seminário da ANDI, nesta terça-feira, 5: "Crianças cada vez mais vulneráveis ao
consumismo estimulado pela publicidade; à obesidade infantil decorrente
de longos períodos de inatividade física e de ingestão de guloseimas
incentivadas pela propaganda; de sexualização precoce advinda do acesso a
conteúdos impróprios para a idade". Culpada? Para alguns, a MÍDIA, essa tonta sem marco regulatório. Nesse caso em particular, de demonização da mídia, vai-se por acaso questionar um ensino público de péssima qualidade, sem atrativos para uma infância inquieta, escolas em precárias condições físicas, sem equipamentos e sem incentivos aos esportes e outras inteligências e habilidades múltiplas, métodos ultrapassados, professores pessimamente remunerados e a carência em todo o país de escolas públicas em tempo integral que ofereçam às crianças brasileiras um ambiente não apenas voltado para os aspectos básicos da cognição, mas para a sua diversidade de papéis e funções culturais, envolvendo a música, a literatura, a dança, o teatro e as artes de um modo geral?? Não. Para os que defendem a partir dos seus interesses políticos o arremedo de democratização da mídia, cujo nome correto é "censura", a ameaça vem muito mais de uma mídia sem conteúdo adequado do que da absoluta falta de priorização de políticas públicas educacionais que tirem os infantes da frente da TV e os coloque numa interessante sala de aula. Só que, apesar dos disfarces, para esses, a mídia sem papas na língua precisa ser controlada muito mais pelos impedimentos que pode causar ao seu projeto de poder caso comece a revelar "malfeitos" a torto e a direito, do que propriamente por estimular criancinhas inativas a se entupirem de guloseimas em frente às telas das TVs. Concordo com a senadora Lídice da Mata - PSB-BA, representante da Frente Parlamentar Mista dos Direitos
da Criança e do Adolescente e presente ao evento da ANDI, quando diz que comunicação interessa ao
desenvolvimento sadio das nossas crianças. Mas em se tratando da figura pública aplaudida que é - pela história, defesa das liberdades e decência política - interessante seria mais cautela antes de afirmar que "é preciso avançar para um
marco legal das comunicações", como declarou. Muita calma nessa hora em que se estar a pensar num "marco regulatório" para a imprensa, senadora. Que "marco" seria esse? Insisto: dificilmente se aplicará controle de mídia sem ferir os princípios democráticos de direito.
sábado, 2 de março de 2013
Eduardo Campos, sucessão de Dilma e a oposição baiana
Qualquer político que tenha um projeto nacional, se
sagaz for, deverá ter também os olhos bem abertos para enxergar o
Nordeste. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos - PSB -, tem os dois.
De forma naturalíssima, já que nordestino é, Campos de há muito mantém os olhos
arregalados para a região e a mente articulada para capitalizar com seus pares
o prestígio que precisa para montar o palco da sua candidatura à presidência da
República. Aliás, projeto assumido, sinalizado e já incomodando as prateadas
cabeças pensantes da reeleição de Dilma Rousseff.
Apesar de criticar a antecipação do debate eleitoral, Eduardo Campos, na Bahia, saiu bem à frente. Deu a largada há mais de um ano, de braços dados justamente com o bloco de oposição da Assembleia Legislativa do Estado, a despeito de seu partido ser um dos aliados do governo Wagner e, nacionalmente, do governo Dilma. Uma tática, por exemplo, que se repete em outras assembleias legislativas é a de garantir a Campos, Título de Cidadão pelo nordeste afora. O da Bahia ele já garantiu, através de iniciativa dos deputados Cacá Leão - PP, e do atual presidente do DEM baiano, deputado Paulo Azi.
Isso sem falar que numa tacada estratégica, em meados de 2012 o bloco de oposição da Alba embarcou quase em peso numa simpática visitinha ao governador pernambucano, voltando de lá espalhando elogios pela mídia, destacando a eficiente administração de Campos e carregando nas tintas os diferenciais que fazem com que o governo da Bahia mantenha-se tão equidistante da gestão de excelência de Pernambuco. Sem desmerecer a competência da administração de Campos, que tem sido de fato referenciada, trata-se muito mais de um planejado jogo político do que propriamente um reconhecimento espontâneo do bloco da minoria baiana ao governo de Pernambuco. Um caminho escolhido.
Portanto, nessa cadência, não é de agora que Eduardo Campos vai rolando a cena, ganhando visibilidade e se posicionando nos quatro cantos do Nordeste. Região - diga-se de passagem - capaz de garantir a eleição de quem quer que queira subir a rampa do Planalto. Algo em torno de 40 milhões de votos. Celeiro, aliás, muito bem cercado pelo governo petista que, com seu discurso afinado em defesa dos miseráveis - que por sinal continuam paupérrimos -, assegurou Lula e agora Dilma no poder. É o zelo assistencialista para a permanência da "santa ignorância", que tem funcionado justamente pela ausência de um contraditório eficiente e muito bem liderado.
A verdade é que a oposição brasileira carece de líderes carismáticos, impetuosos e mobilizadores. E é nesse vácuo que Eduardo Campos, legítimo nordestino, chega levantando a palha e o feno. Com inteligência sagaz, detectou terreno fértil e um par de sapatos perdidos nas escadarias da oposição, que bem lhe couberam nos pés. O risco, devidamente sentido nos corredores do projeto Dilma 2014, vem sendo ostensivamente combatido. O ex-presidente Lula, porta-bandeira do projeto, caiu em campo para neutralizar Campos. Conchavos e conversas de pé de orelha incluem até mesmo o interlocutor alvo.
Na ofensiva, os ruidosos irmãos Cid e Ciro Gomes que depois de "estimulados" por Lula - e "acarinhados" por Dilma que trancou-se em reunião com os dois por mais de duas horas em seu gabinete -, passaram a tascar farpas não apenas a Eduardo Campos, mas a quem quer que se arvore a lançar-se à sucessão de Dilma. Sobrou pra Marina Silva, da Rede e pra Aécio Neves, o tucano. Nenhum deles, segundo os irmãos Gomes, estariam aptos ou teriam propostas para tocar o Brasil. Resta saber qual a fatia do latifúndio que a dupla fraterna quer herdar, o que, sem dúvida, revelar-se-á em detalhes mais adiante.
No mais, adeptos e desafetos da candidatura Eduardo Campos terão pela frente algumas batatas quentes na mão: o lado da oposição baiana, por exemplo, que vem colocando azeitona na empadinha de Campos, terá que vestir saia justa no momento em que o então presidenciável subir palanque e levantar punho em defesa do postulante do seu PSB à sucessão estadual. Será oito ou oitenta para uma oposição que sonha o retorno triunfal ao Palácio de Ondina, carregando nos braços o sucessor de Wagner. Por enquanto, sonho dourado acalentado pelo sem medo de ser feliz Geddel Vieira Lima, do PMDB, cuja mão que bate firme na Bahia derrama afagos na curta cabeleira de Dilma Rousseff, em Brasília.
E na linha da disputa ao governo baiano pelo PSB, dois nomes começam a ser cogitados: o de Eliana Calmon, a combativa corregedora e atual ministra do Supremo Tribunal de Justiça, convidada pessoalmente por Eduardo Campos a filiar-se ao partido; além, é claro, da historicamente legítima candidata Lídice da Mata, hoje senadora com as bênçãos de Wagner. Lídice, que não foge à luta, já avisou que disposição tem e estará sob o comando de Eduardo Campos. E alertou: não se trata de romper, mas essa, Jaques Wagner terá que entender. Ou seja: saia justa pra o governo da Bahia que pretende lutar com unhas e dentes pela reeleição da atual presidente petista.
E ao que parece, não adianta choro, vela e nem o clamor do ex-presidente Lula apontando o risco da quebra de uma aliança histórica como a do PT com o PSB. Caso a candidatura Campos decole de fato, uma certa noiva será mesmo abandonada na rampa da igreja. Tudo isso junto e misturado a uma possível chapa presidencial osso duro de roer: Eduardo Campos com Aécio Neves na vice.
Apesar de criticar a antecipação do debate eleitoral, Eduardo Campos, na Bahia, saiu bem à frente. Deu a largada há mais de um ano, de braços dados justamente com o bloco de oposição da Assembleia Legislativa do Estado, a despeito de seu partido ser um dos aliados do governo Wagner e, nacionalmente, do governo Dilma. Uma tática, por exemplo, que se repete em outras assembleias legislativas é a de garantir a Campos, Título de Cidadão pelo nordeste afora. O da Bahia ele já garantiu, através de iniciativa dos deputados Cacá Leão - PP, e do atual presidente do DEM baiano, deputado Paulo Azi.
Isso sem falar que numa tacada estratégica, em meados de 2012 o bloco de oposição da Alba embarcou quase em peso numa simpática visitinha ao governador pernambucano, voltando de lá espalhando elogios pela mídia, destacando a eficiente administração de Campos e carregando nas tintas os diferenciais que fazem com que o governo da Bahia mantenha-se tão equidistante da gestão de excelência de Pernambuco. Sem desmerecer a competência da administração de Campos, que tem sido de fato referenciada, trata-se muito mais de um planejado jogo político do que propriamente um reconhecimento espontâneo do bloco da minoria baiana ao governo de Pernambuco. Um caminho escolhido.
Portanto, nessa cadência, não é de agora que Eduardo Campos vai rolando a cena, ganhando visibilidade e se posicionando nos quatro cantos do Nordeste. Região - diga-se de passagem - capaz de garantir a eleição de quem quer que queira subir a rampa do Planalto. Algo em torno de 40 milhões de votos. Celeiro, aliás, muito bem cercado pelo governo petista que, com seu discurso afinado em defesa dos miseráveis - que por sinal continuam paupérrimos -, assegurou Lula e agora Dilma no poder. É o zelo assistencialista para a permanência da "santa ignorância", que tem funcionado justamente pela ausência de um contraditório eficiente e muito bem liderado.
A verdade é que a oposição brasileira carece de líderes carismáticos, impetuosos e mobilizadores. E é nesse vácuo que Eduardo Campos, legítimo nordestino, chega levantando a palha e o feno. Com inteligência sagaz, detectou terreno fértil e um par de sapatos perdidos nas escadarias da oposição, que bem lhe couberam nos pés. O risco, devidamente sentido nos corredores do projeto Dilma 2014, vem sendo ostensivamente combatido. O ex-presidente Lula, porta-bandeira do projeto, caiu em campo para neutralizar Campos. Conchavos e conversas de pé de orelha incluem até mesmo o interlocutor alvo.
Na ofensiva, os ruidosos irmãos Cid e Ciro Gomes que depois de "estimulados" por Lula - e "acarinhados" por Dilma que trancou-se em reunião com os dois por mais de duas horas em seu gabinete -, passaram a tascar farpas não apenas a Eduardo Campos, mas a quem quer que se arvore a lançar-se à sucessão de Dilma. Sobrou pra Marina Silva, da Rede e pra Aécio Neves, o tucano. Nenhum deles, segundo os irmãos Gomes, estariam aptos ou teriam propostas para tocar o Brasil. Resta saber qual a fatia do latifúndio que a dupla fraterna quer herdar, o que, sem dúvida, revelar-se-á em detalhes mais adiante.
No mais, adeptos e desafetos da candidatura Eduardo Campos terão pela frente algumas batatas quentes na mão: o lado da oposição baiana, por exemplo, que vem colocando azeitona na empadinha de Campos, terá que vestir saia justa no momento em que o então presidenciável subir palanque e levantar punho em defesa do postulante do seu PSB à sucessão estadual. Será oito ou oitenta para uma oposição que sonha o retorno triunfal ao Palácio de Ondina, carregando nos braços o sucessor de Wagner. Por enquanto, sonho dourado acalentado pelo sem medo de ser feliz Geddel Vieira Lima, do PMDB, cuja mão que bate firme na Bahia derrama afagos na curta cabeleira de Dilma Rousseff, em Brasília.
E na linha da disputa ao governo baiano pelo PSB, dois nomes começam a ser cogitados: o de Eliana Calmon, a combativa corregedora e atual ministra do Supremo Tribunal de Justiça, convidada pessoalmente por Eduardo Campos a filiar-se ao partido; além, é claro, da historicamente legítima candidata Lídice da Mata, hoje senadora com as bênçãos de Wagner. Lídice, que não foge à luta, já avisou que disposição tem e estará sob o comando de Eduardo Campos. E alertou: não se trata de romper, mas essa, Jaques Wagner terá que entender. Ou seja: saia justa pra o governo da Bahia que pretende lutar com unhas e dentes pela reeleição da atual presidente petista.
E ao que parece, não adianta choro, vela e nem o clamor do ex-presidente Lula apontando o risco da quebra de uma aliança histórica como a do PT com o PSB. Caso a candidatura Campos decole de fato, uma certa noiva será mesmo abandonada na rampa da igreja. Tudo isso junto e misturado a uma possível chapa presidencial osso duro de roer: Eduardo Campos com Aécio Neves na vice.
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