segunda-feira, 11 de março de 2013

Insanidade à vista




E eis que da Coreia do Norte se levanta a insanidade. Cenas de fanatismo e veneração circundam e estimulam o general ditador Kim Jong-un a ameaçar o acordo de paz estabelecido com a vizinha Coreia do Sul, firmado há mais de 60 anos. Na realidade as duas Coreias nunca assinaram um tratado de paz - o que  tecnicamente significa que ainda estariam em guerra, apesar da trégua iniciada em 1953 quando os dois países concordaram com o cessar-fogo. A tensão sempre latente na península coreana recomeçou por conta de mais um teste nuclear realizado na última terça-feira, 5, pela Coreia do Norte, considerado um dos mais potentes disparados. Tratou-se de uma explosão nuclear subterrânea, que recebeu condenação internacional. Até a China, aliada dos norte-coreanos, esperneou. Outros dois testes atômicos foram realizados pelo país em 2006 e em 2009. Em dezembro eles também lançaram um foguete de longo alcance que alguns especialistas acreditam ter sido projetado para testar a tecnologia para um míssil balístico intercontinental. O Conselho de Segurança da ONU não apreciou nadinha a movimentação e endureceu as sanções contra os capos norte-coreanos, inclusive com novas retaliações financeiras.

Embora não levado muito a sério, principalmente por ter inventado outras polêmicas e ameaças, o insano do Kim  preocupou o resto do mundo quando desligou o telefone de emergência que mantinha o diálogo entre as duas Coreias em momentos de tensão e vociferou ao mundo uma possível guerra nuclear. Ainda praguejou uma " destruição desgraçada" contra a Coreia do Sul, bem ali, nas fuças das tropas norte-americanas que permanecem de mutuca no território sul-coreano desde o início do cessar-fogo. São cerca de 28 mil soldados americanos, cuja presença na fronteira entre os dois países irrita sobremaneira Kim e seu reverente exército. O general ditador não gosta das manobras que os americanos realizam em conjunto com a Coreia do Sul,  por entender que trata-se de treinamentos para invadir seu país, "uma guerra de agressão".

Do outro lado, a conservadora Park Geun-Hye, presidente da Coreia do Sul que tomou posse recentemente para os próximos cinco anos, avisa através de seu Ministério de Defesa: em caso de ataque, a Coreia do Norte  "desaparecerá da mapa".  Park Geun  apresenta-se como uma figura forte, desafiadora e do tipo que bate na mesa. Ela é filha do falecido ditador Park Chung-hee e é a primeira mulher a ser eleita chefe de Estado na Coreia do Sul, sucedendo Lee Myung-bak, seu companheiro de partido, o conservador Saenuri.  O Kim do Norte - que em nada se parece com o romântico e lindinho namorado da Barbie - advertiu que o seu exército está "completamente pronto para travar uma guerra total ao estilo coreano". Kim visitou a fronteira, bisbilhotou o inimigo com binóculo e foi ovacionado histericamente por uma multidão de soldados e suas famílias que levaram até as criancinhas para venerá-lo. Quando rumou barco mar adentro, indo embora, os soldados correram em direção à praia e entraram na água gelada enquanto a embarcação de Kim se afastava.


  •  O que os analistas dizem sobre o poder de fogo da Coreia do Norte tem grande poderio militar e, mesmo que sua ameaça de um ataque nuclear preventivo contra os EUA esta semana seja vazia, a Coreia do Sul está sob risco da artilharia e foguetes do isolado regime.
  •  O Japão, a menos de 1.000 quilômetros de distância por água e um alvo frequente da retórica norte-coreana, também está a um fácil alcance de mísseis de curto e médio alcance da Coreia do Norte.
  •  Em números puros, o Exército de Pyongyang parece formidável, muito maior do que o do Sul, tanto em pessoal como em equipamento. O contingente de 1,2 milhão de soldados do Norte enfrenta 640 mil soldados sul-coreanos, que estão apoiados por 26 mil militares norte-americanos baseados no país.
  • Porém, as capacidades de Pyongyang não são o que os números sugerem. A empobrecida Coreia do Norte abandonou a operação de um Exército convencional que possa se engajar em uma batalha devido aos recursos escassos, e tem se concentrado em armas nucleares e tecnologia de mísseis balísticos. Informações G1
  Fotos: KCNA/AFP/REUTERS

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