sábado, 2 de março de 2013

Eduardo Campos, sucessão de Dilma e a oposição baiana


Qualquer político que tenha um  projeto nacional, se sagaz for, deverá ter também os olhos bem  abertos para enxergar o Nordeste. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos - PSB -, tem os dois.  De forma naturalíssima, já que nordestino é, Campos de há muito mantém os olhos arregalados para a região e a mente articulada para capitalizar com seus pares o prestígio que precisa para montar o palco da sua candidatura à presidência da República. Aliás, projeto assumido, sinalizado e já incomodando as prateadas cabeças pensantes da reeleição de Dilma Rousseff.
Apesar de criticar a antecipação do debate eleitoral, Eduardo Campos, na Bahia, saiu bem à frente. Deu a largada há mais de um ano, de braços dados justamente com o bloco de oposição da Assembleia Legislativa do Estado, a despeito de seu partido ser um dos aliados do governo Wagner e, nacionalmente, do governo Dilma. Uma tática, por exemplo, que se repete em outras assembleias legislativas é a de garantir a Campos, Título de Cidadão pelo nordeste afora. O da Bahia ele já garantiu, através de iniciativa dos deputados Cacá Leão - PP, e do atual presidente do DEM baiano, deputado Paulo Azi.
Isso sem falar que numa tacada estratégica, em meados de 2012 o bloco de oposição da Alba embarcou quase em peso numa simpática visitinha ao governador pernambucano, voltando de lá espalhando elogios pela mídia, destacando a eficiente administração de Campos e carregando nas tintas os diferenciais que fazem com que o governo da Bahia mantenha-se tão equidistante da gestão de excelência de Pernambuco. Sem desmerecer a competência da administração de Campos, que tem sido de fato referenciada,  trata-se muito mais de um planejado jogo político do que propriamente um reconhecimento espontâneo do bloco da minoria baiana  ao governo de Pernambuco. Um caminho escolhido.
Portanto, nessa cadência,  não é de agora que Eduardo Campos vai rolando a cena, ganhando visibilidade e se posicionando nos quatro cantos do Nordeste. Região - diga-se de passagem - capaz de garantir a eleição de quem quer que queira subir a rampa do Planalto.  Algo em torno de 40 milhões de votos. Celeiro, aliás,  muito bem cercado pelo governo petista que, com seu discurso afinado em defesa dos miseráveis - que por sinal continuam paupérrimos -, assegurou Lula e agora Dilma no poder. É o zelo assistencialista para a permanência da "santa ignorância",  que tem funcionado justamente pela ausência de um contraditório eficiente e muito bem liderado.
A verdade é que a oposição brasileira carece de líderes carismáticos, impetuosos e mobilizadores. E é nesse vácuo que Eduardo Campos, legítimo nordestino, chega levantando a palha e o feno. Com inteligência sagaz, detectou terreno fértil e um par de sapatos perdidos nas escadarias da oposição, que bem lhe couberam nos pés. O risco, devidamente sentido nos corredores do projeto Dilma 2014, vem sendo ostensivamente combatido. O ex-presidente Lula, porta-bandeira do projeto, caiu em campo para neutralizar Campos. Conchavos e conversas de pé de orelha incluem até mesmo o interlocutor alvo.
Na ofensiva, os ruidosos irmãos Cid e Ciro Gomes que depois de "estimulados" por Lula - e "acarinhados" por Dilma que trancou-se em reunião com os dois por mais de duas horas em seu gabinete -, passaram a tascar farpas não apenas a Eduardo Campos, mas a quem quer que se arvore a lançar-se à sucessão de Dilma.  Sobrou pra Marina Silva, da Rede e pra Aécio Neves, o tucano. Nenhum deles, segundo os irmãos Gomes, estariam aptos ou teriam propostas para tocar o Brasil. Resta saber qual a fatia do latifúndio que a dupla fraterna quer herdar, o que, sem dúvida,  revelar-se-á  em detalhes mais adiante.
No mais, adeptos e desafetos da candidatura Eduardo Campos terão pela frente algumas batatas quentes na mão: o lado da oposição baiana, por exemplo,  que vem colocando azeitona na empadinha de Campos, terá que vestir saia justa no momento em que o então presidenciável subir palanque e levantar punho em defesa do postulante do seu  PSB à sucessão estadual. Será oito ou oitenta para uma oposição que sonha o retorno triunfal ao Palácio de Ondina, carregando nos braços o sucessor de Wagner. Por enquanto, sonho dourado  acalentado pelo sem medo de ser feliz Geddel Vieira Lima, do PMDB, cuja mão que bate firme na Bahia derrama afagos na curta cabeleira de Dilma Rousseff, em Brasília.
E na linha da disputa ao governo baiano pelo PSB, dois nomes começam a ser cogitados: o de Eliana Calmon, a combativa corregedora e atual ministra do Supremo Tribunal de Justiça, convidada pessoalmente por Eduardo Campos a filiar-se ao partido; além, é claro, da historicamente legítima candidata Lídice da Mata, hoje senadora com as bênçãos de Wagner. Lídice, que não foge à luta, já avisou que disposição tem e estará sob o comando de Eduardo Campos.  E alertou: não se trata de romper, mas essa, Jaques Wagner terá que entender. Ou seja: saia justa pra o governo da Bahia que pretende lutar com unhas e dentes pela reeleição da atual presidente petista.
E ao que parece, não adianta choro, vela e nem o clamor do ex-presidente Lula apontando o risco da quebra de uma aliança histórica como a do PT com o PSB. Caso a candidatura Campos decole de fato, uma  certa noiva será mesmo abandonada na rampa da igreja. Tudo isso junto e misturado a uma possível chapa presidencial osso duro de roer: Eduardo Campos com Aécio Neves na vice.

2 comentários:

Braga e Poesia disse...

uma palavra: brilhante

Lucas Figueredo disse...

Eduardo Campos com Aécio de vice ou vice-versa. Essa é a chapa dos meus sonhos!