quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Marta e a autofagia partidária

Da elegância do seu tailler vermelho - o mesmo traje com o qual se escondeu no banheiro do cafezinho do Senado para fugir da imprensa - Marta Suplicy talvez ainda nem desconfie que o jogo é muito mais pesado do que imagina. Em queda de braço com a estrela mais "brilhante " do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, Marta desafiou: "Vou até o fim e vou ganhar as eleições de 2012. Lula não é maior que a conjuntura". Referia-se à idéia fixa do ex-presidente de enfiar goela abaixo a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à prefeitura de São Paulo. Empenhada em infantes arroubos, por certo confiada em seus 8,2 milhões de votos cravados nas urnas para o Senado, Marta parece ter perdido de vista as táticas utilizadas pelo seu próprio partido para desestabilizar inimigos. E com certeza nem viu a autofágica movimentação que rondava o Ministério do Turismo, pasta que comandou de 2006 a 2007. Com a maior cara de paisagem, a presidente Dilma e o o ex-presidente Lula garantem que não estavam lá muito bem informados sobre essa tal operação Voucher deflagrada pela Polícia Federal, que culminou na última terça-feira com a prisão de 36 pessoas da pasta, entre elas o secretário Mário Moysés, ligado e colocado lá por Marta, na época em que foi ministra. O esquema de desvio de dinheiro público, que ultrapassa a bagatela dos R$ 4 milhões, remonta da gestão Marta Suplicy como bem começa a propagar uma interessadíssima ninhada tucana. As investigações, porém, embora a mídia propague que já dura dois anos, foram iniciadas, de fato, em abril deste ano com base em irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União. Mais da metade dos presos do Voucher já foi liberada pela PF. Os que ficaram por lá podem em breve sair pela "provável" inocência - sobretudo os que entraram nessa gestão -, ao tempo em que o ministro da pasta, Pedro Novais, deva prosseguir imprimindo em seu discurso o mesmo texto de Wagner Rossi da Agricultura: " Não sei de nada, não vi nada". A previsão, portanto, é a de que os holofotes da Voucher iluminem o tailler vermelho de Marta Suplicy, produzindo um intenso efeito luz capaz de cegar definitivamente o seu caminho rumo à prefeitura paulista.

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