CPI dos Cartões: mentiras, emails e contradições

O ex-funcionário da Casa Civil, José Aparecido, negou em depoimento à CPI que tenha dito para André Fernandes, em almoço no Clube Naval, em Brasília, que Erenice Guerra, braço-direito de Dilma Rousseff, tenha dado ordens para fazer o dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como Fernandes havia afirmado mais cedo durante seu depoimento à CPI. "Essa conversa não houve, eu não falei isso a ele", desmentiu. Pires desmentiu outra parte do depoimento de Fernandes. O assessor parlamentar negou que tivesse pedido emprego ao ex-secretário para ingressar no governo. "Ele cogitou a possibilidade de ser secretário-executivo adjunto do Ministério do Planejamento e enviou o currículo para mim", revelou o ex-funcionário da Casa Civil. Por causa dos desmentidos, o deputado Maurício Quintela Lessa (PR-AL), chegou a pedir a prisão de Fernandes.

• Acareação: A turma do governo pretende barrar a acareação: O deputado Índio da Costa (DEM-RJ) afirmou que, pelas divergências dos depoimentos de José Aparecido e Fernandes, há a necessidade de acareação. Para ele, somente com os dois frente a frente seria possível esclarecer a história do vazamento do dossiê.
• Contradições: Em mais contradições entre os dois depoentes, José Aparecido afirmou que quem estava nervoso no almoço entre eles no clube Naval era André Fernandes. "Nesse almoço, quem estava apavorado era o André. Ele queria que eu falasse com a revista 'Veja'", afirmou Aparecido. O assessor de Álvaro Dias havia afirmado que o funcionário da Casa Civil estava irritado com a divulgação do dossiê e negou ter pedido que José Aparecido falasse com a revista, que publicou a matéria contendo o dossiê no dia 20 de março.
• Por engano: Aparecido afirmou que enviou por engano uma planilha com dados do Sistema de Suprimento de Fundos para o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) André Fernandes. A oposição e Fernandes alegam que esses dados eram um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Pires disse ainda que não sabia que Fernandes estava trabalhando no gabinete de Dias. "Ele era consultor legislativo do Senado. Não me constava inclusive que ele trabalhasse com o senador Álvaro Dias", afirmou. Retoma hoje: A sessão da CPI dos Cartões Corportativos será retomada às 9h nesta quarta-feira,21. A informação é da presidente da Comissão, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). A reunião foi interriompida às 18h desta terça para que os parlamentares participassem da Ordem do Dia no Senado e também na Câmara. Assim que encerrou a sessão, Marisa chegou a cogitar retomar a reunião da CPI apenas no dia 21 de maio. Ainda restam três parlamentares inscritos para fazer perguntas ao ex-funcionário da Casa Civil.

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil