Ministro psicodélico

O chá do Santo Daime, aquele usado em ritos religiosos e que provoca alucinações, pode virar "patrimônio da cultura brasileira". É isso mesmo. Quem está propondo isso? O ministro da Cultura, Gilberto Gil. Ele vai encaminhar ao Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional processo para transformar o uso do chá de ayahuasca, feito a partir do cipó de mariri e das folhas de chacrona e que tem substâncias psicoativas, em patrimônio da cultura brasileira.

• Veja a declaração: "Espero que nós possamos celebrar em breve o registro do ayahuasca como patrimônio cultural da nação brasileira", disse o ministro em Rio Branco, capital do Acre, ontem, 30. "Neste caso, específico, acrescenta-se o afeto em relação à outra dimensão importantísssima para a vida, que é a natureza", acrescentou. Será que o ministro bebeu o chá antes?
• Gil endossou um pedido assinado por representantes de três troncos fundadores das doutrinas ayahuasqueiras: Alto Santo, Barquinha e União do Vegetal. O chá mais famoso feito do cipó e das folhas é usado em rituais do Santo Daime, uma corrente descendente do Alto Santo.
• Efeitos colaterais: Apesar das propriedades alucinógenas, o uso do chá é permitido no Brasil para "ritos religiosos". O uso causa, segundo estudos científicos, alucinações, hipertensão, taquicardia, náuseas, vômitos e diarréia.
• Origem do nome: Ayahuasca é palavra indígena que tem duas traduções em português: "corda dos mortos" ou "vinho dos mortos".
• Os apoios : A proposta de reconhecer o chá tem apoio do governador do Acre, Binho Marques (PT), e da deputada Perpétua Almeira (PCdoB-AC). A União do Vegetal promove, em Brasília, o II Congresso Internacional do Hoasca, entre 9 e 11 de maio. O objetivo é debater os últimos estudos realizados com o chá. O ministro da Cultura foi convidado para participar.

Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil