domingo, 29 de junho de 2008

O elegante jeito-político de ser de Jaques Wagner

Por: Samuelita Santana Santana
Agrada cada vez mais o jeito elegante e diplomático do governador Jaques Wagner de fazer política. Quando o seu partido, o PT, se mordia para escolher o candidato à sucessão de Salvador, Wagner manteve-se equidistante, aguardando o desfecho dos debates, tapas, beijos e brigas, sem fazer imposições ou pressões utilizando-se da força de comando que tem no Estado. O desfecho não veio. Ele então entrou firme, mas sem chicote, apelando para o bom senso dos "queridos companheiros". Foi assim que agiu também com a prolongada novela do PCdoB de Olívia Santana, que finalmente raciocinou direito e desistiu da candidatura fadada ao insucesso, juntando-se à não tão forte assim Frente das Esquerdas. Esse final feliz foi mais uma vez protagonizado pela interferência crítica-pertinente do governador. Esse mesmo elegante bom senso de Wagner levou-lhe a subir no palco das convenções dos partidos aliados, instantes por assim dizer mágicos e esperançosos das candidaturas oficiais à prefeitura de Salvador. Wagner iniciou seu périplo na convenção do PMDB, que sagrou a chapa João Henrique/Edvaldo Brito. Neste sábado, 28, foi a vez do governador aprochegar-se ao ninho tucano de Antonio Imbassahy, que tem como vice Miguel Kertzman, sem medo de ser feliz ou de julgamentos equivocados. A postura firme e o discurso arrojado e sincero de Wagner não deixaram brechas para má-interpretações. Claro, ele não deixou dúvidas: apoia aos aliados, sim. Mas a camisa que veste é a do seu partido, o PT de Walter Pinheiro, com quem fez questão de chegar na festiva convenção, logo após ter estado na do PSDB. . E não adianta Pinheiro choramingar prerrogativas de que a imagem de Wagner só pode ser usada por ele. Jaques Wagner não está nem aí para detalhes mínimos. Ele quer ser coerente, e é. Sem apoteose a ideologias partidárias que a muito ficaram à margem da estrada política do país, empurradas pelos novos cenários que buscam adapatar-se aos novos tempos, às novas idéias e pensamentos que mais cedo ou mais tarde vão desenhar um país politicamente mais moderno. Embora governe a Bahia sem arroubos, sem ter massificado ainda o traço eficiente da sua administração, Wagner tem conseguido mostrar um novo estilo moderno-político de ser, não totalmente digerido nem pela grande massa nem pela grande mídia, ainda habituadas ou viciadas em antigos modus operandi, tantas vezes pseudamente visualizados como competência e ofensividade. Vai precisar ainda "uma cara" para que a Bahia se acostume a esse estilo mais limpo e sem arrogância de fazer política. Enquanto essa nova visão não é consolidada, Wagner vai pontuando aqui e ali as mudanças, sem medo de mostrar essa nova cara, nem mesmo para os correligionários que insistem em congelar um panfletário tempo. Ao comparecer nas convenções que não a do candidato de seu partido, Jaques Wagner deu mostras de sensibilidade política e, o melhor, de que o seu olhar está voltado para o futuro da coerência democrática, para o debate plural e não mais preso ao chão dos monumentos ideológicos que caíram por terra. Pertinente é a sua fala quando argumenta sua presença nas convenções de aliados: "Eu acabei de vir de outra convenção, portanto, eu assumo minhas coisas publicamente. Na minha base de sustentação, tenho três candidaturas que dão sustentação ao meu governo, que me ajudaram na minha candidatura de 2006, então temos apoio de João Henrique, de Imbassahy e de Pinheiro. Portanto, eu não tenho nenhum constrangimento com isto e eles dirão o mesmo. É óbvio que historicamente minha vinculação maior é com esta chapa, em que está a raiz, aliás, de toda a minha vida". Mais pertinente ainda quando mostra a sua capacidade de discernir o papel da democracia: "Creio que o povo de Salvador vai poder ter uma reflexão, um debate político de alto nível e poderá escolher aquele que considera melhor para a nossa cidade. Estou muito satisfeito, porque creio que a partir da nossa vitória em 2006 se abriu uma perspectiva muito mais complexa na política baiana, do que o que se pregonizava a favor ou contra a fulano ou beltrano. Agora, você tem uma pluralidade que eu acho extremamente positiva e as pessoas vão se compondo em função da proximidade do projeto". Impecável. Publicamente, meus parabéns Governador!

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